sábado, 22 de julho de 2017

Curry Indiano ( Murraya koenigii )

CURRY INDIANO

( Murraya koenigii ) - RNC 37535

(RNC Solicitado ao Mapa Brasília por Edilson Giacon em 01/08/2017 , protocolo JR310017896BR, concedido em 09/11/2017.)

Nativa da Índia, o Curry é uma planta de formato arbustivo ou de arvoreta, que produz frutos e folhas utilizados há séculos como tempero na culinária indiana. Ultimamente vem sendo amplamente pesquisada para diversos usos, como planta auxiliar na cultura de citros por exemplo.

Planta de fácil cultivo, pode ser plantada a pleno sol ou meia sombra. Seus frutos atraem grande quantidade de pássaros.
 Rústica, aceita a maioria dos solos. Pode ser cultivada facilmente em vasos.

O Curry e a Citricultura

GREENING - Uma das mais devastadores doenças para plantas cítricas


Constatada a partir de 2004 no Brasil, esta doença é responsável pela erradicação de pomares cítricos em grande escala por todo o país, sendo que milhões de plantas já foram eliminadas, e outras milhões serão em futuro próximo.

Provavelmente é a mais nociva e devastadora doença citrícola existente atualmente, sendo responsável pelo abandono da cultura por famílias que atuavam há várias gerações no seu cultivo.

A tradicional forma de plantio, vem sendo modificada para que os pomares sobrevivam e não pereçam com esta doença, sendo possível melhorias, com novos porta-enxertos e adensamento do plantio, além de rígido controle sanitário.

No início, logo após a doença se instalar em pomares brasileiros, a planta Murta ( Murraya paniculata ) foi considerada uma grande vilã, pois descobriu-se que esta planta é hospedeira do inseto transmissor da doença. A Murta sempre foi uma planta muito comum na arborização urbana e em jardins, sendo da mesma família das cítricas (rutáceas). Nos últimos anos, muitas Cidades e Fazendas produtoras de frutos cítricos, erradicaram todas as plantas desta espécie, sendo inclusive formulada um projeto de lei no estado de São Paulo (PROJETO DE LEI Nº 1291, DE 2007), bem como em outros estados, ou até mesmo em leis municipais, aprovando a destruição desta planta dentro do perímetro urbano, como em áreas rurais.

Com o aprofundamento dos estudos, verificou-se que muitas outras plantas da família da murta e das cítricas ( rutáceas ), também eram atrativas e hospedeiras do inseto vetor da doença. Desta forma, seria necessário a eliminação total de muitas outras plantas, inclusive espécies nativas, o que seria difícil, pois muitas destas árvores que também são hospedeiras desta praga, se encontram em áreas de preservação permanente.

Em algum momento, houve iniciativa de utilizar a Murta como planta atrativa em pomares de cítricos, e com isso, ao invés de grande vilã ela se tornou uma aliada. Deste momento em diante, iniciou-se várias pesquisas analisando a possibilidade do plantio da murta, próxima a talhões cítricos, e se utilizar inseticidas ( sistêmicos e de contato ) na planta, para controlar a população do Psilídeo, que é o transmissor da doença para os cítricos. Porém a murta também se mostrou sensível a doença, morrendo em um prazo de tempo não muito longo.


A murta ( Murraya paniculata ) está sendo utilizada também em laboratórios para criação de uma mosca parasita para o psilídeo, a Tamarixia radiata, inimiga natural dos psilídeos que são vetores da doença greening  para plantas cítricas e demais hospedeiras.

Para saber mais:




O Curry entra em cena

A recomendação de não plantar mudas de murtas e de outras hospedeiras em regiões citrícolas e próximas a pomares ainda continua, somente sendo recomendado como planta atrativa e com orientação técnica profissional.

Como exposto acima, a murta também é sensível a praga e morre, sendo desta forma necessário que as plantas atrativas sejam substituídas de tempo em tempo, gerando custos adicionais e atrasos até crescimento da nova planta.

Iniciou-se assim a busca por outras plantas atrativas que não morressem, ou com maior resistência a doença. Há alguns anos, fomos procurados pelo pesquisador Vitor Hugo Beloti, da  ESALQ ( Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz ) de Piracicaba, que estava atrás de uma planta rara no mercado Brasileiro, a Murraya koenigii, planta da família da murta e dos cítricos, mais conhecida como Curry Indiano.


Acima, árvore da Murraya koenigii e seas frutos colhidos para utilização das sementes.

Esta planta, poderia ter resistência a doença, podendo ser utilizada como planta atrativa, no lugar da murta e resistir por muitos anos, podendo até não ser contaminada, e assim se iniciava a pesquisa, com apoio e verba do FUNEP e com apoio da FAPESP.

Agora, passado alguns anos, a prática já vem sendo utilizada em campo e tendo resultados satisfatórios. Com certeza, com o plantio de plantas atrativas em talhões, próximas as cítricas, é possível diminuir drasticamente a utilização de agrotóxico no pomar.

As pulverizações para controle dos Psilídeos, ficam mais concentradas nas plantas atrativas ( Talhões de murraya koenigii ) e diminuem em muito no pomar, deixando mais saudável os frutos e gerando economia no custo e sustentabilidade, visto que pulverizações  em todo pomar são de altíssimo custo e danosas ao meio-ambiente.

Na última semana da Citricultura ( Evento de maior importância no painel cítricola do Pais ) , no dia 06/06/2017 foi proferida palestra sobre esta pesquisa, abaixo fornecemos o link da apresentação.

Não deixe de visualizar a apresentação e resultados da pesquisa abaixo:


O Viveiro CIPREST ( www.ciprest.com.br )  fica feliz que suas plantas matrizes sejam responsáveis por fornecer mudas da planta  Curry Indiano ( Murraya koenigii ), para a ESALQ desde o início da pesquisa, bem como para Citrosuco/ESALQ , para fase de teste em campo, para EMBRAPA e recentemente sementes e mudas para outras frentes de pesquisa para o Fundecitrus ( Fundo de Defesa da Citricultura ) .

Outras pesquisas estão em andamento, como utilização da Murraya koenigii como porta-enxerto, onde se a copa apresentar a doença, poderia ser eliminada, e se enxertar novamente outra planta cítrica no porta enxerto da Murraya koenigii que se mantem saudável, livre da doença.

Também existe pesquisas na parte de genética, para se incorporar o fator de resistência a doença da Murraya koenigii em plantas cítricas convencionais, porém ainda vai demorar alguns anos para se demostrarem eficientes ou não.

Outra fator que ajuda a dar maior longevidade ao pomar cítrico, é a irrigação. É interessante um stress hídrico de 30 a 45 dias, próximo ao mês de agosto, para incentivar uma boa floração. No restante do ano, irrigar sempre que faltarem chuvas por mais de 20 dias.

Não sou especialista no assunto, porém tenho certo conhecimento, adquirido pelo contato direto com muitos pesquisadores e intensa leitura, o qual estou expondo para benefício principalmente de pequenos citricultores, que tiveram suas plantações e muitas vezes únicas fontes de renda devastados por esta doença e se não conseguirem voltar a citricultura, abandonando as pequenas áreas familiares, causando mais êxodo rural .  Sejam bem vindas correções e informações adicionais, através  do e-mail ciprest@terra.com.br , para que possa incorporar a esta publicação, citando a fonte ou em comentários. por especialistas ou por pessoas que tenham conhecimento prático e científico do assunto.
Abaixo postamos fotos da espécie Curry Indiano ( Murraya koenigii ) o condimento que está ajudando a ¨salvar¨ a citricultura.


Esta planta também é muito utilizada medicinalmente, principalmente na medicina natural Indiana, pesquise com nome de kari-patta medicinal plant.


Para interessados em mudas, temos esta espécie em estoque, acesse: www.ciprest.com.br


* Edilson Giacon, Viveiro Ciprest, membro fundador da Associação Brasileira de Frutas Raras, colecionador de plantas raras nativas e exóticas.
www.ciprest.com.br    /   www.abfrutasraras.com 

2 comentários:

  1. Obs.: Não sei se já foram produzidas mudas de frutas cítricas com a Murraya koeningii servindo de porta enxerto, porém gostaria de saber se sim e se foi feito algum estudo para se avaliar a toxicidade das sementes dos frutos resultantes. Digo isto porque segundo li em alguns sites que falam sobre a Murraya koeningii, suas sementes são tóxicas. Será que os frutos das plantas produzidas com a Murraya koeningii como porta enxerto também não poderia ter um grau de toxicidade em suas sementes? Grato pela atenção!

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  2. Desculpem-me por não ter me identificado no texto acima. Edemar Prochnow, técnico em controle ambiental, residente em Ibirama/SC.
    Novamente, grato pela atenção.
    Fiquem com Deus e sejam sempre muito felizes!

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